Hobbies e a Saúde Mental

Hobbies e Eu” foi o tema da nossa segunda live do Podcast Cotidiano Psicológico. Para mim, ter um hobby era uma atividade restrita a pessoas de excelentes condições financeiras e, por isso, sempre as associei com atividades caríssimas. Porém, só depois de alguns anos de estudo, percebi o quanto essas atividades são benéficas para a saúde mental e não precisam estar relacionadas com classe social. 

Aqui vou tentar explicar um pouco mais como podemos descobrir o nossos hobbies, como eles podem ajudar no tratamento de doenças mentais e por que eles são cada vez mais importantes na nossa sociedade moderna.

1. O QUE SÃO HOBBIES?

Hobbies são atividades que realizamos por prazer e não por obrigação. Esse conceito está conectado com a ideia de dar uma pausa na rotina para se dedicar ao seu relaxamento e diversão. Eles podem variar desde práticas criativas, como pintura ou escrita, até atividades mais ativas, como jardinagem ou esportes.

 O principal objetivo de um hobby é proporcionar satisfação, aliviar o estresse e, muitas vezes, servir como um meio de expressão pessoal. Dessa maneira, fica evidente o porquê a psicologia destaca a importância dos hobbies na regulação emocional. Estudos indicam que pessoas engajadas em hobbies tendem a ter maior satisfação com a vida e enfrentam menos sintomas de ansiedade e depressão.

2. A IMPORTÂNCIA DO HOBBY PARA A SAÚDE MENTAL

Ao desenvolver esse texto, me questionei em como poderia explicar a importância de procurar atividades que nos proporcione esse descanso mental, sem me alongar explicando sobre os valores sociais aos quais estamos inseridos. Isso porque é um descaso chegar aqui e escrever simplesmente: “Vá para uma aula de cerâmica no seu tempo livre”. Sendo que a realidade para a grande maioria das pessoas é relacionada à rotina de jornadas longas de trabalho.  

O primeiro passo para encontrar o seu hobby é refletir sobre suas preferências: Quais são os meus interesses? O que eu já fiz e amei? E o que eu detestei ?

Só de separarmos um breve momento para pensar em nós, já é algo bem fora do cotidiano, não é? Acredito que esse seja um grande feito da psicoterapia: ter alguém nos facilitando a encontrar as perguntas certas para chegarmos às respostas necessárias. 

Para além da psique, temos as respostas neuroquímicas envolvidas, pois quando nos dedicamos a algo que realmente gostamos, ativamos o sistema de recompensa do nosso cérebro, liberando dopamina – o hormônio do bem estar. Por isso, hobbies ajudam a:

  • Reduzir o estresse
  • Estimular a criatividade
  • Fortalecer a autoestima

3. COMO DESCOBRIR UM HOBBY?

  1. Explore seus interesses: Pense no que você gostava de fazer na infância ou em atividades que sempre quis experimentar.
  2. Teste novas experiências: Dê uma chance para algo novo, como uma aula de dança do ventre ou um curso de culinária.
  3. Observe suas necessidades: Se você busca relaxamento, pode se interessar por meditação ou jardinagem. Se prefere desafios, talvez escalada ou corrida de longa distância.

Não se esqueça de também levar em conta sua rotina. Imagine: “quando chego do trabalho, estou super cansada fisicamente e só tenho de 1 hora livre”. Não encaixaria atividades que necessitam de deslocamento para serem realizadas, talvez se adaptaria melhor uma aula de pintura, música ou yoga online.  

4. CONCLUSÃO

Encontrar um tempo para você é parte essencial de uma vida equilibrada. Ter esse refúgio emocional pode ser também meio de autoconhecimento. Ao longo dos anos, pesquisas demonstraram que hobbies contribuem para fortalecer a resiliência emocional, promover mindfulness e ampliar perspectivas. Então, busque não ser atropelado por uma rotina acelerada. Pare um momento, respire e cuide de você. 

5. REFERÊNCIA

BERLYNE, D. E. Curiosity and exploration. Science, v. 153, n. 3731, p. 25-33, 1966.

CARR, A. Positive psychology: The science of happiness and human strengths. Routledge, 2013.

RYAN, R. M.; DECI, E. L. Self-determination theory and the facilitation of intrinsic motivation, social development, and well-being. American psychologist, v. 55, n. 1, p. 68-78, 2000.

STEINER, C. Creativity and well-being: The connection between art, hobby, and mental health. Journal of Creativity Research, v. 12, n. 4, p. 89-102, 2018.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *