PROCRASTINAÇÃO- Como Sair do “Deixar Para Depois”?

 Em primeiro lugar, você faz parte do Clube da Procrastinação? Ou seja, consegue se enxergar preso no ciclo constante do “DEIXAR PARA DEPOIS”?

Se você gosta do tema mas vai “Deixar para Depois” a leitura desse texto, talvez você goste de ver o meu vídeo sobre o assunto: https://www.youtube.com/watch?v=VZRqoaJBGwM&t=24s

Por ter crescido em meio ao mundo dos games, sei como é difícil desligar o videogame para fazer um trabalho de gramática. Pouco depois, chegava a pior parte: o sentimento um dia antes da entrega, porque sempre me arrependia de não ter feito assim que a professora passou.

Demorou para nomear esse comportamento corretamente, pois até o início da faculdade acreditava ser preguiça e a minha única arma era a força de vontade. Contudo, nesse texto, vou mostrar para você que PROCRASTINAÇÃO NÃO É PREGUIÇA.

1. CONHECENDO O NOSSO VILÃO

O comportamento procrastinatório é uma condição natural da psicologia humana, em algum momento todos os indivíduos experienciam algum comportamento ligado a postergação de tarefas que deveriam ser realizadas prioritariamente (Feyzi Behnagh & Ferrari, 2022). 

Dessa forma, a procrastinação é o adiamento proposital de tarefas, mesmo diante de possíveis consequências negativas. Este fenômeno complexo mistura fatores cognitivos, emocionais e comportamentais, sendo algo inerente ao ser humano e tendo relatos escritos desde o século IV a.c sobre ele. 

Tendo em vista que pode acontecer em qualquer área da vida, o comportamento de “deixar para depois” não só causa sofrimento como acarreta consequências negativas: está presente nas consultas médicas desmarcadas, no pagamento de contas deixadas para o último dia ou quando assistimos mais um episódio daquela série viciante, mesmo que isso signifique algumas horas de sono a menos. 

Estudos indicam que a procrastinação é uma falha na autorregulação. Então, é exatamente por aí onde iremos começar a observar para compreender as circunstâncias pessoais e situacionais promotoras de adiamento de tarefas.

2. AFINAL, O QUE EU ESTOU DEIXANDO PARA DEPOIS?

procrastinação - deixar para depois

O que eu estou deixando para depois?” Essa pergunta é fundamental para enfrentarmos a procrastinação. Assim sendo, para respondê-la, pegue um papel e uma caneta e anote todas as atividades que você opta por deixar para depois. Então, observe quais áreas da sua vida estão sendo mais afetadas por esse comportamento. Qual o significado desses compromissos para você?

No momento em que estamos evitando realizar uma tarefa, na verdade estamos fugindo das emoções as quais aquela atividade vai nos gerar. Por isso, é comum que busquemos substituí- las por aquelas que nos dão o alívio momentâneo, como jogar mais uma partida do seu jogo favorito.

Existe uma explicação neurocientífica sobre o sistema de recompensa cerebral. Nesse ínterim, a dopamina, o neurotransmissor associado à sensação de prazer, é liberada mais rápido ao estarmos realizando afazeres que gostamos, reforçando esse ciclo.  

Para além das respostas neuroquímicas, também podemos associar a procrastinação com emoções negativas, tais quais: 

  • Medo do fracasso: por vezes, evitamos começar algo por medo de não atender às expectativas, nossas ou dos outros.
  • Perfeccionismo: quando queremos que tudo saia perfeito e, por isso, ficamos paralisados diante da tarefa.
  • Desconexão emocional: ocasionalmente, quando uma tarefa parece chata ou irrelevante, priorizamos atividades que ofereçam prazer imediato.

3. DOMINANDO O CORPO E A MENTE

Visto que agora que sabemos quais são as atividades que estamos postergando e o porquê estamos adiando-as,  vamos desvendar quais são os gatilhos para esse comportamento. 

Por exemplo: Preciso estudar para concurso.

O que eu faço ao invés de ir estudar? Fico nas redes sociais? Jogo videogame? Estudo em um ambiente desorganizado, o que não me permite ter mais concentração? 

No momento em que identificarmos esses gatilhos, vamos testar algumas técnicas que facilitam a sua produtividade:

  • Gestão do tempo: Implementar planejamentos realistas e estabelecer metas específicas para aumentar a eficiência.
  • Divida a tarefa em partes menores: Grandes tarefas podem ser assustadoras, mas dividi-las em etapas simples ajuda a torná-las mais gerenciáveis. Por exemplo, em vez de “escrever um trabalho”, pense em “escolher um tema” ou “escrever a introdução”.
  • Pratique a técnica dos 5 minutos: Comprometa-se a trabalhar em algo por apenas cinco minutos. Muitas vezes, começar é a parte mais difícil, e, quando damos o primeiro passo, encontramos motivação para continuar.
  • Use reforços positivos: Após concluir uma etapa, recompense-se com algo que você goste, como ouvir uma música ou fazer um lanche. Isso ajuda o cérebro a associar a tarefa com prazer, e não com sofrimento
procrastinação - deixar para depois

4. CIENTIFICAMENTE COMPROVADO

A eficácia dessas estratégias está apoiada em estudos científicos. Por exemplo, um estudo conduzido por Rozental e Carlbring (2014) mostrou que intervenções baseadas em TCC reduziram significativamente a procrastinação em jovens universitários, com impactos positivos no bem-estar geral e no desempenho acadêmico.

Além disso, ferramentas como o planejamento e o autocuidado ajudam a reduzir os níveis de cortisol, hormônio relacionado ao estresse, permitindo um melhor funcionamento cognitivo e emocional (Sirois, 2014).

Por isso, não deixe de procurar um profissional para lhe auxiliar nessa jornada. Limitei esse artigo apenas a fatores mais pontuais que levam à procrastinação, porém cada indivíduo é um ser complexo ao qual necessita de uma análise específica. 

5. CONCLUSÃO

A procrastinação (deixar para depois) pode parecer um hábito inofensivo, mas suas raízes emocionais e cognitivas revelam uma condição mais complexa e desafiadora do que imaginamos. Entender que procrastinação não é sinônimo de preguiça, mas sim um comportamento que envolve dificuldades na autorregulação, é o primeiro passo para enfrentar esse ciclo.

Lembre-se: superar a procrastinação não é sobre se tornar perfeito, mas sim sobre aprender a agir mesmo diante de desafios. Com paciência, consistência e as ferramentas certas, é possível transformar o ciclo do “deixar para depois” em um caminho de crescimento e realização pessoal. 

Obrigada por ter chegado até aqui e TCHAUUU. 

Leia Também: https://amandacalixta.com/ansiedade-social-o-friozinho-na-barriga-que-te-congela/

6. FONTES

BRITO, Fernanda de Souza; BAKOS, Daniela Di Giorgio Schneider. Procrastinação e terapia cognitivo-comportamental: uma revisão integrativa. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, v. 9, n. 1, p. 2-10, 2013. Acesso em: 19 jan. 2025.

ROZENTAL, Alexander; CARLBRING, Per. Understanding and Treating Procrastination: A Review of a Common Self-Regulatory Failure. Psychotherapy and Psychosomatics, v. 83, n. 1, p. 1-10, 2014.

SIROIS, F. M. Procrastination and Stress: Exploring the Role of Self-Compassion. Self and Identity, v. 13, n. 2, p. 128-145, 2014.

SIROIS, F. M. Procrastination and stress: Exploring the role of self-compassion. Self and Identity, v. 13, n. 2, p. 128-145, 2014.

STEEL, Piers. The Nature of Procrastination: A Meta-Analytic and Theoretical Review of Quintessential Self-Regulatory Failure. Psychological Bulletin, v. 133, n. 1, p. 65-94, 2007.

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